Somos micro-seres antes os macróbios deuses,
de todos os tempos, em todas as raças e lugares,
sujeitos às suas paixões
à mercê de seus melhores desejos
e piores vinganças.
Zeus, por exemplo, descia do Olimpo,
cisne ou touro branco
e outras formas
e seduzia mulheres por quem se apaixonasse.
- Europa, Dânae, Alcmena, Leda
- Calisto,Antíope, Égina, Sêmele
- e mesmo o jovem príncipe Ganímedes
- a quem fez servir à mesa do Olimpo,
- como se fosse um simples copeiro...
- Marido infiel, deixava Hera furiosa
- e ela perseguia das amantes aos filhos
- desse formidável e insensato deus dos deuses
- e dos humanos ...
Hoje, ainda somos ,
de alguma forma inexplicável,
atingidos pelo desejo espetacular
desses colossos.
Em vão temos trabalho, sonhos, ideais e metas:
se um deles quer nos provocar,
roubar deste Planeta, não medirá consequências,
pois elas afetam apenas nossa humanidade:
eles sentem-se a maior, ad aeternum,
donos de um Poder milenas.
E quem somos nós perante as intempéries,
a violência das águas quando rebelam-se,
ao desolamento das secas,
à indiferença dos tufões,
à crueldade do fogo insensato,
à cegueira das doenças
que atingem dos inocentes aos ditadores?
Estranho ter de reconhecer esse poderio.
Terrível ter de admitir
que a bela palavra "desejo"
pode ser instrumento
de destruição
e saber
que somos impotentes
-mesmo os mais corajosos,
mesmo os mais santos,
mesmo as crianças.
E nesse mundo hodierno,
nem sabemos por onde andam ,
de onde nos mandam tantas misérias -ou porque não nos deixam escolha de data
para deixarmos a Terra.
Só nos resta a conformação
-traço bem humano ,
mas que nos alimenta a impotência
e reafirma nossa pequenez.
Clevane Pessoa, interpretando tela de João Werner.
Belo Horizonte,Mg, Brasil - 12/01/2013
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