sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

caliandra: Rememória-Joaquim Evónio, por Clevane Pessoa

caliandra: Rememória-Joaquim Evónio, por Clevane Pessoa: Clevane Pessoa entre Pessoas Poema para Joaquim Evônio e poemas de sua lavra Joaquim Evônio  pessoa generosa, talentosa, que n...

Mãos-asas

Clevane Pessoa de Araújo Lopes
(para Joaquim Evônio, quando queimou as mãos , numa das queimadas em Portugal.)
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Sim , sei que a pele reconstitui-se miraculosamente.
Qua o fogo não logrou o êxito da sempiternidade.
Livres, tuas mãos voam migratórias
para cumprir seus ternos e tensos, seus perenes e ciclos.
Tuas mãos -asas, de artista e bardo,
em poemas e debuxos,
escrevem meras, descrevem luxos
desses que apenas os poetas renomeiam
com tal nome.
preciosas -mãos:tatalar de criatividade,
velocidade adequada:
reinterpretas a própria inspiração
e a verve sai perfumada,
nuvem de indagações e de delícias,
ao olhar, um jardim de estrelícias,
vistas do avarandado olhar,
entressonhado entre os cílios.
Clevane Pessoa de Araúlo Lopes
Belo Horizonte, Brasil, em 07/07/2008

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E agora, a enxurrada cristalina da chuva poética do saudoso poetamigo Joaquim Evónio (que nos abrigava generosamente em seu site "Jardim de Estrelícias) , in memoriam:

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MENINAS DE GUERNICA
Tanta energia perdida
- pensou a bomba no ar
e os seios das meninas
inflaram só uma vez
antes da morte os levar

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TEJO À NOITE
São luzes antropomórficas
verticais e embuçadas
a verter sombra no Tejo
mas recebendo os reflexos
das irmãs da outra margem
em estuário se abrindo
e levando para o mar
as mágoas e alegrias
tiradas às nossas almas
navegantes como outrora
os torreões levantados
fortalezas junto ao mar
são sinais do meu passado
e prenúncio do além
dum momento para o outro
o vento alevanta o rio
e as fragatas sonolentas
acordam em sobressalto
alvorada do amor
nasceu para toda a gente
em busca do universo
e as águas então paradas
espelho da noite alfim
revoltam-se alvoroçadas
vão a caminho da foz
e levam a nossa alma
que já era apenas uma
e toca nas duas margens
numa cantata de espuma
joaquim evónio
Chapitô, 13 Nov 06

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CARAVELA
Tanto naveguei
e nem uma caravela
de tantas que naufragaram
me deixou uma só vela
uma estilha de saudade
APARIÇÃO
Um dia
na sala onde estiver
há-de entrar uma mulher
com fogo no olhar!
É a mulher
que sabe o que quer
e vem para ficar!
Joaquim Evónio


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Remador
sou um remador
passei a vida a sonhar
cada vez mais longe...
repousou o teu olhar
na palma da minha mão!
MORTE SOLITÁRIA
Tudo rejeito,
nunca pedirei socorro!
Hei-de morrer só e de pé
e saberei sempre do que morro:
Do excesso e da falta de fé!

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