quinta-feira, 5 de julho de 2012

Erotismo-A Pokã-Erotíssima-


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 Caso goste de conto erótico, uma opinião do médico escritor Raymundo Silveira, que  organizou a antologia virtual, trabalho de Maria Inês Simões, da AVBL, onde ocupo a cadeira Lindolf Bell  (poeta catarinese, da catequese Poética) , por escolha própria.. .O meu, A Poncã (A Pokã) já foi publicado em livro solo e antologias de papel também e está em alguns sites e blogs.
Sempre o imaginei como um curta metragem, e apesar dos inúmeros e-mails e-mails que recebi,à época, questionando se era vivência pessoal, posso afiançar-lhes que não, pois cresci longe dos parentes, e os priminhos que passaram pelo casa de meus pais, eram crianças.Foi apenas imaginação de escritora que adora cinema.
Quanto à opinião  que muito lisongeou-me, do organizador, a "ser meio raro num conto escrito por uma mulher", acho que as escritoras  são eróticas se querem,literariamente ou não,  tanto quanto os homens e afins- não é uma questão de gênero.Quando publiquei Erotíssima, meu livro de contos eróticos, tive o grande cuidado de não ser pornográfico.Mas por questões de fgosto pessoal .Questionaram então, minhas seis décadas...
Nele, começo com um poema da adolescência, estudante de colégio de freiras:
Mais sensual que eu
só Deus
que fez o Bem e permitiu o Mal
e tem
os sentidos mais aguçados
que os meus...
Clevane Pessoa
Abraço:
Clevane

Fonte da foto:Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão 
Rural
InCAPER
Pelo Google, encontrei mais de nove mil menções, o que mostra ser a 
eroticidade literária bem procurada.Quem quiser  ler em livro virtual a 
edição primeira esgotou-se, a encontrará na Issuu ,em forma de livro virtual 
num trabalho do editor
 e capista Marco llobus (Rede Catitu de Cultura) -->



><

E o conto:

A pokã*
Clevane Pessoa de Araújo Lopes

À mesa, semblantes severos. Tios e tias de luto. O patriarca se fora e mal ousavam falar. Para a morte, 
alguns eufemismos: partir, passar para, descansar. E lá merecia o velho feroz algum descanso, pensava a adolescente retirada no meio da
 noite do leito morno e quase surpreendida em sua doce lascívia das mãos curiosas sob os lençóis? Ainda bem que no dia seguinte, 
deveria apresentar o trabalho de pesquisa sobre a Guerra do Irã (ou seria Iraque?). Quase nada pesquisara, mesmo pela Internet, pois a Pat
 fizera quinze anos na véspera e batera pé para a festinha na cobertura ser no mesmo dia, não no sábado. 
A mãe não pudera com a 
birra, temendo ser catalogada de atrasada, em relação à sua própria, que não ousara proibi-la ao ser 
comparada à da Pat, tão "in". 
Combinação de meninas: uma citava a mãe da outra para conseguir qualquer coisa... Cada mãe, temente de
 ser "out" e perder o amor da filhota 
mimada.

Levanta os olhos de grandes pestanas douradas, meio desfocados. Avalia os comensais. Um deles faz o 
mesmo e a apanha na teia de aranha que se instala entre ambos, de imediato. Ele aponta com o queixo, os 
demais, faz movimentos 
cômicos, taxando-os de chatos. Ela aquiesce mudamente, sorriso a meio, pronto para desmanchar-se se
 alguém a surpreendesse no mudo
 colóquio.

Ele apanha farinha e escreve "fofa", sobre o feijão frio. Ela devagar, lambe os lábios, coração disparado. 
Pat lhe dissera, com a sabedoria das mocinhas de quinze anos, que os homens ficavam maluquinhos quando viam a ponta da língua. 
Por isso chamavam as mulheres de gatinhas. Ele arregala mais ainda os olhos sombreados, passa as mãos pelo queixo onde espetam 
centenas de fios de barba. Também fora acordado no meio da noite para o enterro do avô. O telefone vibrara logo após uma "petit mort". Seqüente
 a um grande gozo.

Subitamente, deixa o sapato do pé direito cair, sem alarde algum. Mocassim fácil de tirar. Estende a perna 
e deixa o pé descansar sobre as coxas úmidas da adolescente. Esbarra com calças jeans. Ela estremece. Ele escreve com a farinha: 
"Tira". A garota o interroga com o olhar. Escreve então, da mesma farinheira: Como?

O moço ri. Apanha uma pokã. Descasca-a sem pressa. Pega dois gomos e mostra-os com calma à quase
 menina. Entreabre-os. Coloca entre eles, o polegar. A garota estremece de prazer. O coração parece que desceu e pulsa nela, lá em baixo,
 entre os gomos túmidos.

Tenta, sob a toalha de linho, imensa, fazer o mínimo possível de gestos, muito devagar, vai desabotoando
 os botões de metal. A calça apenas cobre o púbis. Consegue ir levantando as nádegas. Puxa as pernas da calça. Noite abafada na sala 
de fazenda, sem ventiladores. Acomoda o pé invasor. Segura-o como se isso bastasse para impedir um abuso maior. Mas tem vontade de
 acariciar o pé, um mini corpo. Quando se distrai, é tocada, qual uma corda de violão. Estremece e geme. 
Todos a olham, de súbito. 
Está vermelha. A mãe pergunta, preocupada:

— O que foi?

Ela fala baixinho, só para a inquisidora ouvir:

— Cólicas...

O pé já se recolhera. A mãe se aproxima e pergunta alto: Onde ela vai dormir? A tia mais velha conversa 
com outra, decidem logo e ela é convidada a ir tomar banho, antes de deitar-se. As adultas agora
 estão num canto, falando de absorventes, coisas de mulher. O primo primogênito apanha os gomos do 
desejo e os põe na boca. Todos se levantam. A empregada, ao recolher a louça, vê sobre o feijão escuro, 
a frase: Que pena! No quarto da donzela, sob o chuveiro, ela revê esses gomos sumarentos ao fechar 
os olhos. E com os olhos dos dedos, imita os dedos do sedutor.

Em pé, na varanda, ele pensa na fêmea madura que deixara à sua espera. Enquanto come os últimos gomos
 da dourada pokã..
.
(*) Forma como é grafada nas feiras livres e nos mercados do interior do estado de S. Paulo a tangerina poncã.

E-Mail:
 clevaneplopes@gmail.com 

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